quarta-feira, maio 24, 2006

Indo embora a pessoa que me convidou um dia para aqui entrar, resta-me despedir também do blog e da escrita poética, pois reconheço cada vez mais que na vida uns nascem génios e outros nascem simplesmente para se maravilharem com a genialidade alheia...
Aqui maravilhei-me muitas vezes e a estes dois meninos agradeço em especial...
Até sempre,

domingo, março 19, 2006

TU

A saudade é uma dor imensa que se fez carne.
E és tu.

da tua ausência

Inverto a névoa que ameaça prolongar-se na tua ausência e sinto que no meu sangue hiberna um grito.

quinta-feira, março 16, 2006

Palavras

A ti

que te amo,
que todas as palavras parecem ser inúteis
que me fazes tropeçar nos degraus,
que me fazes gastar o passado
na obsessão carnal de te ter
que me fazes morder os lábios
e levar as mãos à cabeça
que és um mundo dentro de um grito

Te devo todas estas palavras sem sentido
em que tropeço,
sou incapaz de te escrever!

e talvez tenha tudo para te amar,
tudo,
menos o irrefutável
engenho e arte.

fuga

era noite
e eu tinha pressa de fugir
Para onde?
Nem eu sei bem
Se a força do tempo
Fosse ampla e majestosa
E me sugasse numa corrente
Catatónica de membros e mente
Talvez a noite findasse
O tempo
E aquela fuga precipitada
Não fosse, em si, um erro

segunda-feira, março 13, 2006

sobre a colina II

eu iria contigo
como as aves dispersas
sobre os céus
iria contigo pelos sítios
que negamos
para viver com as mãos
suportadas sobre as tuas

a distinguir a névoa
dos teus lábios
quando se esquecem
de cantar

iria contigo
para além da colina do medo
que dobra o rio
turvo de amanhã

iria contigo
como se não sentisse frio
nem cansaço
nem quaiquer pálpebras pesadas
sobre o rosto amargo
do passado

domingo, março 12, 2006

sobre a colina I

talvez a noite se despira
no desespero dúbio
de sentir a pele quebrar
de madrugada

era intensa e breve
a alvorada daquele dia
a despontar, serena,
sobre o cálice do amanhã

terça-feira, fevereiro 28, 2006

O povo é o maior poeta

O povo é o maior poeta.
escreve a vida a medo
mas isenta de
dor
Angústia
e pensamentos vãos
apenas embarca no seu destino
e comanda o seu própio rumo
o rumo do qual lhe querem tirar o leme,
mas o povo sabe
e sempre saberá
escrever o próximo - não!
saberá sempre onde por
um ponto final!
saberá sempre sair a rua e cantar:
SER POETA É SER MAIS ALTO!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

(as varas que dançam no peito)

Giram as varas de cedro
Mortificando o meu peito
Com suas pontas de lança
Giram, contorcem-se em danças
convulsas e gastas
E penetram mais dentro
Por dentro
No fundo mais fundo
Por dentro de mim
E Cavam para dentro
Em danças confusas
Geladas, obtusas
Rasgando o vento
Em torno de mim

(...)

Bebes a geada nocturna dos meus passos
Sem saberes que o deserto habita nestes braços

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O Momento

Passam-se dias e meses e nada

Os dias, os meses, as horas

O tempo,

Se eu sou mágoa
Se sou o erro
Se sou a faca
Se sou o medo

O sangue lava
A vida que a nada mais resiste

Sempre a torrente
Negra que não mancha
Sempre esta dor
Esparsa do degredo

O cessar do rio em chamas
É um desvio

Eis o Momento!!!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

(...)

As balas que encostas à tua mente
São mentiras disfarçadas da serpente

A miséria

A miséria vive aqui ao lado
Sorve das bocas a alma perdida

E digam?
Quem foi que me deu este olhar?
Quem foi que me ensinou a não cegar?

Quem me deu este sentir?
Quem me deu este chorar?

Quem foi que fez da vida
Este lugar?

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

A vã glória de mandar

a vertigem do poder apodrecia
a multidão enevoada que jazia

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Alguém, um dia...

Levanta os braços,
Clama!
Alguém há-de ficar

Respira o hálito amargo
A poeira dos mortos
A floresta vazia

O cipreste cresce
E nem dás pela vida
A vida que passa
Suja e gasta
Pelas grades do tempo

Levanta os braços,
Grita!
Alguém virá um dia?

(ensaiando a tua própria poesia, surges tu...rísivel, dirias obviamente, porém insisto e não o saberás)

há um louco que viaja nos céus
no interior ósseo de um albatroz vazio
rende-se à solidão rústica do seu quarto
e quando impele o machado no jardim
usa a mesma saia vermelha que vestia
como quando em bebé «antecipava o envelhecimento
sob certos plátanos do outrora»

terça-feira, janeiro 17, 2006

f r a g m e n t o s

a chuva repete-se nas sombras
e a névoa fermenta nos lábios
são fragmentos dispersos de ti
que me esmagam
são esmolas que lanço
que grito
que lavam
fragmentos que mentem
que fervem
que rasgam
fragmentos cortantes
no lodo que matam

segunda-feira, janeiro 16, 2006

silêncio

o silêncio
margem imprópria dos meus erros
escudo disforme
em que apodreço

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